Aves de arribação - I

É sempre interessante saber realizar análises dos personagens de obras. Muitas vezes, os professores solicitam aos alunos que preparem seminários com base nos elementos das narrativas e os apresentem em forma de aula. Para que isso ocorra de forma organizada e seja possível fazer uma boa apresentação, devemos estar preocupados em como organizar todas as informações, desde o Contexto Histórico da época em que a obra foi lançada até a bibliografia utilizada para dar fundamento nos argumentos apresentados. Tendo isso em vista, preparamos para vocês uma apresentação, que serão postadas, aos poucos, sobre o livro "Aves de arribação", de Antônio Sales. Neste primeiro momento, iremos abordar o contexto histórico, realizar uma breve biografia do autor e apresentar as suas obras, para darmos um panorama do escritor.


Biografia – Uma breve história
Natural de Parazinho, localidade da então vila de Paracuru, nasceu no dia 13 de junho de 1868. Faleceu em Fortaleza, no dia 14 de novembro de 1940. Viveu, portanto, 72 anos. Integrou duas grandes agremiações: Centro Literário e A Padaria Espiritual. Foi amanuense (burocrata responsável pela correspondência, cópia e registro de documentos), atuando como Secretário de Interior e Justiça. Também foi servidor público político, elegendo-se deputado. Parte para residir na capital do país em 1897, na época Rio de Janeiro, já que naquele momento a cidade exercia sobre as demais províncias melhor condições de vida aos letrados. Trabalhou no Tesouro Nacional e no Correio da Manhã, cultivando amigos como Joaquim Nabuco e Machado de Assis. Não era autor afeito às conveniências políticas, mas mostrou-se como jornalista, grande crítico da oligarquia Acioly, que dominou a política no ceará na primeira década do Séc. XX. Publicou no ano de 1903, em folhetins do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, sua obra de maior nome: Aves de Arribação. Único romance de sua obra poética.



Obra
Poesias                                                Livro de Memórias                                             Prosa
Versos Diversos (1890)                 Retratos e Lembranças (1938)                            Aves de Arribação (1914)
Trovas do Norte (1895)                                                                           Estrada para Damasco (obra inconclusa)
Poesias (1902)
Panteon (1919)
Minha Terra (1919)
Águas Passadas e Fábulas Brasileiras (1944) – obra póstuma

Contexto Histórico e A Padaria Espiritual

Ocorria na Literatura duas tendências: O romance realista e o naturalista.
No Brasil o contexto histórico se caracterizava pelas novas idéias ligadas ao cientificismo, a abolição e a proclamação da república.
Em Fortaleza ocorria uma modernização, ela se encontrava no auge da Belle époque

Padaria espiritual:


A Padaria Espiritual, fundada em 30 de maio de 1892 no Café Java, foi um movimento inovador, modernista e nacionalista que antecedeu a Semana de Arte Moderna (1922) e prenunciou muitas de suas bandeiras, como o repúdio ao uso de palavras estrangeiras e a valorização da fauna e da flora brasileiros. Era um local onde se debatiam idéias sobre literatura, política e ciências na imprensa. Interpretavam a realidade nacional, traziam em suas narrativas impressas os hábitos da vida simples e bucólica.Tinham o objetivo de fornecer o pão de espírito aos sócios em particular e aos povos em geral.  Suas idéias eram impressa semanalmente no jornal criado chamado o Pão. O artigo 14 do regimento da Padaria, por exemplo, que proíbe aos padeiros o uso de "palavras desconhecidas da língua vernácula", é uma resposta ao uso de palavras de outras línguas , em estabelecimentos comerciais, em produtos e até na literatura. Já o artigo 21 proíbe o uso, em poemas, romances, pinturas e músicas, de elementos da flora ou da fauna estrangeira, o que era comum na época, devido à influência européia. Os padeiros utilizavam apenas bichos e plantas brasileiros, conhecidos pelo povo. A Padaria Espiritual vai representar a emergência das camadas médias, posterior aos Outeiros e à Academia Francesa, tendo como rival o Centro Literário.

Irreverência: A originalidade da agremiação se deu pela sua irreverência, procuravam a todo custo fugir do formalismo acadêmico. Nenhuma associação cultural apresentou um programa de instalação com tanto humor e originalidade.

Nacionalidade: Possui traços de teor nacionalista e aversão aos estrangeirismos.

Crítica contra a burguesia: Os padeiros criticavam a burguesia e os valores de ordem capitalista por não corresponderem as expectativas da vontade maior.

Saiba mais sobre a Padaria Espiritual nos links:

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